terça-feira, 21 de setembro de 2010

Decote de Fiuk foi lançado por Caetano há 30 anos



Entre estas duas imagens acima, existem praticamente três décadas de Brasil. Fiuk, 19 anos, à esquerda, em 2010. E, à direita, Caetano em 1981, com 39 anos (!!!), numa foto de Bob Wolfenson para a capa do disco “Outras Palavras”. A profundidade do decote é muito semelhante. A cor é a mesma, rosa. Cor de menina. Lábios carnudos. Caê mais cabeludo que Fiuk. A camiseta do baiano não tem mangas, é mais feminina e, por isso, revolucionária.

Nesta semana, a revista EPOCA publicou uma reportagem mostrando o cantor Fiuk com camisetas que insinuam o peito, ou melhor, o tórax enxuto e bem desenhado. Bastou para virar moda. Fiuk é lindo. Quem diz que o filho do Fábio Jr é ídolo teen não sabe que, entre mulheres mais maduras, Fiuk também faz sucesso – é uma espécie de sonho de consumo distante, não para consumo imediato, mas para fantasias e lembranças. A atriz Fernanda Torres comentou recentemente, bem-humorada, que a vida era muito injusta…Porque, quando era garota, ela era muito jovem para o Fábio Jr…e agora, é muito velha para o filho dele, o Fiuk.

Não existem muitos homens que podem usar decote e continuar sensuais de uma maneira máscula. Se há mulheres que ficam vulgares com decotes, há homens que ficam com um ar efeminado (ou delicado, o que aliás agrada hoje a muitas mulheres cansadas de brutamontes). Digamos que nem Caetano nem Fiuk estejam preocupados com isso. São ícones, cada um a seu jeito. Mas vamos combinar que não dá pra comparar o cantor iniciante com o Caetano tropicalista e articulado de Alegria Alegria (alguém viu “Uma noite em 67″? ).

Fiuk é mais sensual, tem os traços quase perfeitos (para quem gosta de morenos com rosto forte e anguloso, boca bem desenhada, e não de bonitinhos lourinhos com rosto angelical). Mas Caetano já era, na época, muito mais ousado do que ele – no vestir e despir, nas letras das músicas e na maneira de viver e dizer, de se expor e desconstruir. Era o início da década de 80. Fiuk não sonhava em nascer. Caetano podia, sempre pôde.

Será que Fiuk quis “caetanear o que há de bom”, como cantou Djavan?

O estilista André Lima, de São Paulo, acha que não tem nada a ver olhar pra trás, para o século passado. “Essa moda de decote em V e em U foi resgatada pelos gays há uns cinco anos, mas só agora os heterossexuais decidiram usar sem preconceito. O que é mais inovador no Fiuk é a calça colorida e o corpo bem magro, a silhueta esguia, que vai na contramão dos homens anabolizados dos últimos tempos”.

Para o estilista André, a onda dos decotes masculinos e das cavas mais amplas vai pegar nas cidades mais quentes do país, como o Rio, durante o verão, por ser confortável mas também por outros motivos. “O homem está cada vez mais exibido. Mostra o corpo em anúncios de todo tipo, até de perfume, e nas ruas. Ou então nas novelas das seis, que mais parecem cenário de boate gay, com todos os atores de peitoral de fora”. O estilista acha positivo. “Os homens estão cada vez mais desencanados com isso e outras coisas. Essas fronteiras do que é parecer gay ou hetero estão se dissolvendo, por uma questão de abertura, modernização de cabeça mesmo”.

A meu ver, o mais curioso é que tantas modas lançadas hoje com barulho, como se fossem o ápice da ousadia, não passam de …não diria imitação, mas de reedição, muitas vezes até mais discreta. Tudo se transforma. Ou se copia.

O que você acha de, na hora da balada, competir com o namorado no…decote ou, quem sabe, na transparência?

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