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"Quis abordar as questões de identidade comuns ao universo adolescente e mostrar como os pais lidam com isso. Essa coisa da molecada que cresce em famílias desestruturadas, de pais separados, que, muitas vezes, só saem de casa após os 30 anos. É a chamada geração canguru'', conta Ingrid.
A ideia do programa partiu do diretor Giuliano Chiaradia. "Há muito tempo eu vinha querendo misturar a dramaturgia com a realidade'', revela. "Como os dois vivem juntos e também são cantores e atores, a oportunidade de fazer essa brincadeira me pareceu perfeita.'' O diretor-geral Mario Marcio Bandarra completa: "Queríamos fazer uma história fictícia, mas que fosse possível de acontecer na realidade. Por isso mantivemos os dois atores como eles mesmos na trama''.
A proposta soou perfeita também para Fiuk e Fábio Jr., que dizem ter ficado muito contentes com a oportunidade de participar juntos, pela primeira vez, de um projeto artístico. "Eu já estava a par da ideia, mas achei que era algo para mais adiante. Quando me disseram que estava tudo pronto para acontecer, foi a realização de um sonho. Imagina só: atuar ao lado do meu pai! Eu sempre via ele nas novelas e achava o máximo. Outro dia até entrei no YouTube para assistir a umas cenas antigas'', revela Fiuk.
Fábio Jr. retribui. "É emocionante voltar a atuar depois de tanto tempo ao lado do meu filho. Eu jamais recusaria uma proposta dessas.''
"Tal Filho, Tal Pai'', que será exibido no dia 23 após "A Grande Família'', coloca os galãs de duas gerações como personagens da mesma empreitada. A história conta a trajetória do pai que, no intuito de ajudar o filho em sua carreira artística, lança com ele um DVD musical. A obra, porém, não será bem recebida pela renomada crítica Bárbara Leão (Alessandra Negrini), que publica uma péssima análise em seu site, desencorajando o jovem músico logo em seu trabalho de estreia.
Água fria
"As dificuldades que enfrentei para ganhar aceitação não foram bem essas, mas a situação mostra direitinho o quanto é difícil viver de música'', comenta Fiuk. "O primeiro balde de água fria que tomei foi em um show para umas 250 pessoas. Eu subi no palco, todo mundo virou de costas e mostrou o dedo do meio para mim'', relembra.
"Mas a Bárbara não é uma crítica do mal. Apesar do efeito desencorajador da análise, na verdade ela só está fazendo o seu trabalho. E, no fim, ainda vai ajudar o menino'', explica Alessandra Negrini. "As pessoas tendem a achar que críticos são pessoas frustradas, que querem descer a lenha nos outros. Mas existe uma ética profissional nesse trabalho'', pondera a atriz.
Empenhado em atingir seu ideal, o filho de Fábio Jr. acaba pedindo orientações à própria jornalista, que o auxilia com algumas dicas e o estimula a montar sua própria banda, desvinculando-se do pai para brilhar sozinho.
A busca por músicos dispostos a formar um grupo segue cheia de tragicomédias, até que o oportunista empresário Eduardo Goldman (Eri Johnson) convida Fiuk a assumir o posto de cantor na banda Agnátus. O jovem conhece o empresário por indicação do técnico de som Vandame (João Bresser). "Meu personagem é a típica caricatura de um empresário de artistas. Ao longo da vida, conheci vários desses. Para compor o Eduardo eu busquei experiências na memória, a fim de fazer minha colcha de retalhos'', brinca Eri Johnson.
Ciúmes
E, como roqueiro que é roqueiro sempre tem suas admiradoras, entram em cena, para complicar a vida de Fiuk, a namorada Larissa (Amanda Richter) e a prima Sara (Railane Borges), que trocam farpas e travam disputa pelo coração do rapaz. Larissa namora o cantor desde o início da adolescência. Por conta de seu emprego como comissária de bordo, ela se sente um tanto insegura ao deixá-lo solto por aí. Especialmente agora que Sara, apaixonada pelo primo desde criança, voltou dos Estados Unidos com um visual moderno e uma tatuagem em homenagem a Fiuk.
Vida real
"Na realidade não foi bem como no programa. Nunca quis que o Fiuk fizesse sucesso por ser meu filho, mas que ele passasse por todas as etapas e desafios. No programa, o pai monta o projeto com o filho, e isso eu acho um pouco negativo'', comenta Fábio Jr. O jovem completa: "Tanto que, quando fui fazer teste para "Malhação', ninguém sabia que eu era filho dele. Meu pai me deu a melhor lição que eu poderia ter, que foi dizer para eu me virar e ir atrás do que é meu''. Fiuk conta ainda que, no começo, ele não entendia por que seu próprio pai e ídolo ficava "apontando defeitos, dizendo que eu estava desafinado''. "Hoje percebo que essa era uma forma de incentivo.''
Pai e filho contam que as gravações do especial de fim de ano serviram para deixá-los mais próximos. "Teve um momento, no final de uma cena em que a gente se abraça, que, mesmo depois do fim, a emoção foi muito grande e caímos em lágrimas. Continuamos abraçados por longos minutos'', diz Fábio Jr., orgulhoso da atuação de Fiuk.
Trilha sonora
Pai e filho gravaram juntos pela primeira vez também no estúdio. Eles deram cara nova ao hit "Vinte e Poucos Anos'', de Fábio Jr. A canção ganhou também um videoclipe, que faz parte do DVD fictício e será exibido no começo da história. Outras duas faixas foram produzidas para o programa. Fiuk compôs "Sempre Mais'' e "Nada Vai Me Parar'', que conta com a colaboração de Caco, baixista do NX Zero.
Quando perguntados sobre a possibilidade de "Tal Filho, Tal Pai'' vir a ganhar forma de minissérie na programação da Globo, como aconteceu com "Aline'', os dois dão certeza de que topariam participar. Com uma ressalva, segundo Fiuk: "Desde que não rolem gravações aos sábados, para não entrar em conflito com as datas dos nossos shows''.
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